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Mostrando postagens de janeiro, 2009

Media Luna

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Media Luna me cavalga em cada poro uma gota êxtase que a media luna exalou me embriago dos odores do deserto e sobrevôo meu concreto com as plumas dos caracóis entre os dedos dos meus pés sua o sal da úmida noite e meu sangue vagueia atrás dos rastros dos lagartos um coiote manso dança sobre o solo endurecido de nervuras e eu lambo o horizonte linha reta e dura que sombreia todos os cactos púrpura doce é meu coração de volta uma cortina de arco íris me desnuda como deusa presa no mural de oaxaca mariposas me atordoam uivam sobre minha cabeça penetram ardentes de vida e cor todas as dobras de meu tempo febril

que menina eu era

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como antes flutuo nas curvas do sol deslizo em asas de peixe e soluço feito doida diante do corte da espada e do anoitecer ainda canto sozinha e não sei onde meti meus dedos nem como sucumbi de sonhos esfrego essa mão calosa essas linhas ásperas onde estão seus mapas ? num transitar sem volta tateio o inconfessável e aliso os bicos dos meus seios só sei que eles roçam o trigo revolto e se aninham em leões de bronze que me olham desconfiados e eu minto pra eles sorrindo e desenho vários vórtices no céu das veias que repousam em tipóias cantarolo um control c e os tatuo no meu coração sem a canção hoje inversa e etérea que me concedia o sono sem a menina que era eu sem a menina que eu era

e se a alma amanhece cinza

e se a alma amanhece cinza dias a fio cinza e se mergulho o fundo todo e tudo é cinza é quando o perigo é gostar de ser cinza alheio alto e baixo distante o desejo o impulso é boiar nenhum beijo mais nenhuma falta porque estou cinza dias e dias durmo e amanheço cinza sem fome e meu coração fica surdo enorme bolha de ar rarefeito em coma leve e vivo ainda