uma manhã de segunda

e ainda sinto o poro caliente
teus olhos de água sem segredos

e ainda sei que me habita
o teu coração com pulos de gatos filhotes

a névoa dourada dos teus nervos de flores


a geleia fresca das noites em nossas patas




atiças meus dedos 

e quase isso basta




                                

Comentários

luiz gustavo disse…
filigranas



sugar o céu
pelos poros das estrelas
em filigranas onde as dobras
das rugas são labirintos lábios

meus olhos de veludo
sobre esta pele açulada
como urdidura

penetro-a -
não como pássaro de seda
tuas entranhas - mas vampiro -

e aqui o poema espuma
toda volúpia da palavra núpcia
sereno céu silêncio de plumas
ouve o rumor da garoa
agora sobre a grama
a derramar-se em ranhuras
no âmbito da crisálida

esta página
de verbos sonhos signos
entre pedras desliza
sobre pedras e o poema
se faz nada e cicia:

à deriva o ventre se modula
- e a vida - se fragmenta

esta que se descobre
outra em torpor de nácar
entre crepúsculo tulipas
e néctar

quem deslinda o que escrevo
acena com a língua
à fímbria do teu segredo
sobretudo o fôlego
do poema que finda
em decrescente relevo

e dizer
à sombra do luar que hausto
as pálpebras fenecem
em glaucas escrituras
Beth Brait Alvim disse…
Luiz Gustavo,

gostei bastante da sua poesia.


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bb

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