a pedra de josé ou quero minha jangada

um rasgo
e a pedra certeira fez tremer
meu sono
é o abandono de saramago
que me apedreja
inteira

o ser josé que lateja em mim
é tanto milênio
é estranho
é primeiro

e não tinha de ser apenas
ser

é não ter o direito de morrer
ser saramago

é não poder não ser
ser josé saramago
é não suportar salivar
o gosto amargo
de um escritor como josé saramago
ser apenas um ser


hoje mais um grande motivo de viver morreu.


bb

Comentários

abraços na jangada. talvez agora ele esteja no outro lado da margem, como dizia mia couto; aqueles que nos acenam e nós temos olhos cegos. (numa versão resumida do conto). abraços "la maestra"
Anônimo disse…
Beth, as fotos do Sopa, bjão
http://clubecaiubi.ning.com/photo/albums/sopa-de-junho-poeta-da-noite
Carlos disse…
E agora vem o Piva e se pensa a mesma coisa. Piva tinha medo da morte, como nos disse. E se não há conforto restam os grandes textos como este. Foda Beth! Itamar, outro que tansladou, é que diz: "se a obra é a soma das penas, pago, mas quero meu troco em poemas". Sei que esse apego a obra, como a um pedaço de madeira depois no naufrágio, é um tanto decadência. Mas ainda uma elegância. Ver-te, Carlos.
El Compostero disse…
é uma tristeza mas também arrisco que saramago tenha vivido treze vidas numa só... e certamente o veremos novamente sob os olhos fulgurosos duma arte que só agora está vindo ao mundo, respirando pela primeira vez...
Beth Brait Alvim disse…
Aika, naveguemos

em ondas de fogo que nos embalem
e nenhum naufrágio nos engasgue
Beth Brait Alvim disse…
Anônimo,

as fotos são deliciosas porque de verdade o sopa foi delicioso, o melhor encontro de poesia que já fui, estávamos lindos, vc é precioso demais, e me deixou mais feliz.Beijos na Sole e em ti. foi demais!!!!
bb

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