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Mostrando postagens de 2010

QUINTA POÉTICA. Neuzza Pinheiro interpreta música com poemas de Beth Brait Alvim. Casa das Rosas, São Paulo, 25-11-2010.

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le rouge

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o jeito mesmo é deixar                          bem vermelho esse meu blog porque no new look meio dark visita alguma  me sacode como é que pode? ps - a imagem é do http://bloguesuite.blogspot.com/2009/10/beth-brait-alvim.html

Um sábado com Brecht

MAU TEMPO PARA A POESIA Sim, eu sei: só o homem feliz É querido. Sua voz É ouvida com prazer. Seu rosto é belo. A árvore aleijada no quintal Indica o solo pobre, mas Os passantes a maltratam por ser um aleijão E estão certos. Os barcos verdes e as velas alegres da baía Eu não enxergo. De tudo Vejo apenas a rede partida dos pescadores. Por que falo apenas Da camponesa de quarenta anos que anda curvada? Os seios das meninas São quentes como sempre. Em minha canção uma rima Me pareceria quase uma insolência. Em mim lutam O entusiasmo pela macieira que floresce E o horror pelos discursos do pintor. Mas apenas o segundo Me conduz à escrivaninha. (Brecht; poemas - 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 229.)

Batom

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Lina chegou. O licor de uísque lambuza meus lábios. É assim melado que a beijo. Ela vem mansa, lingerie sempre à mostra. Gosto de induzir Lina a lamber entre meus dedos. Bem na porta do apartamento. Se vem gente, melhor. Hoje comecei o dia ouvindo Carmina Burana. Ela logo chega, eu sei. Lina tocou duas vezes. Imaginei-a impaciente, umedecendo os carnosos lábios, como eu gosto. Deixei tocar de novo. Aumento um pouco o som. Quero que ela ouça. Espero os chamados, as batidas secas na porta. Lina linda, disputávamos nossos namoros juvenis. Lina vencedora. Alta, sensual, a mulher-objeto que todo homem deseja possuir até a morte. Aumento mais o som. Ela já espanca aporta. Aguardo, atenta, os gritos. Sorvo um gole grande. Doce. O beijo doce. Os lábios. Sempre teimo em sangrar os grossos lábios, sugar saliva e sangue e embriagá-la com toxinas de seu próprio insaciável e prepotente sexo. Lina roubou meu primeiro amor. Moderna, fazia sexo na adolescência como imaginávamos só Marilyn Monroe fa

Amém

teço ninhos e os aqueço assim quero a bem aventurança como quem crê em milagres rezo para o tempo parar abençoados os pequenos se deitam e eu me banho de água benta assim seja minha pele: sempre fresca in- Mulheres de São José, Scortecci ed, 2ª ed, 1993, org e prefácio Celso de Alencar

a pedra de josé ou quero minha jangada

um rasgo e a pedra certeira fez tremer meu sono é o abandono de saramago que me apedreja inteira o ser josé que lateja em mim é tanto milênio é estranho é primeiro e não tinha de ser apenas ser é não ter o direito de morrer ser saramago é não poder não ser ser josé saramago é não suportar salivar o gosto amargo de um escritor como josé saramago ser apenas um ser hoje mais um grande motivo de viver morreu. bb

arre ME !

la diosa mariposa me esquenta pousa em minha mente e me contenta buenas

metralhadora absoluta

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sinais "Eu sou uma metralhadora em estado de Graça Eu sou a pomba-gira do Absoluto". (Roberto Piva) o tempo ampliado da insônia ousa desloca ao absurdo a incompreensível pressa o tempo pousa nada me consola ou atenua o medo de não ser profundo o que é breve corro no horizonte morto e leve sinais de saturno me atordoam lambo os pés do poeta e babo em sua língua não me envergonho de seus uivos de suas garras e de suas queixas desembaraçando a penugem do anjo nas estações dos metrôs minha cabeça zumbe de mariposas danço em torno dele para sempre índio noturno bebo seu líquido sua chama que em mim tanto acalma quanto ferve