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Mostrando postagens de 2009

castidade

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da cintura pra baixo o vento da manhã me apruma e encarcera a madrugada eu entro no dia como quem arruma a cintura para cima feito sangria desatada que sea bueno el dia.

PARAPLUIE

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o que John Lennon diria? ainda que a chuva pare e o mundo não mais deságue o homem e seu para pluie dançam na calle um blues e mesmo que a leveza nos alcance o que embriaga não conta nem o passo em falso nem a dança nem o teatro de ontem nem aquele lance já se sabe antes give peace a chance era um fim agora fim o céu paira sobre as cabeças afunda nossos pés pesa sobre todos sem azul que o (nos)amanse boa sorte

salve , bortolotto

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será possível que só abro isso quando algo me agita ou talvez no fundo me fira um susto um urro um medo medonho uma ira quando algo me pira e me tira o sono e eu me abandono e meu corpo grita? Preciso apaziguar meu grito por e para Mario Bortolotto. Conheci Bortolotto moço, lembro bem, nos Festivais de Teatro Amador de São José dos Campos. Lá,nos fins dos anos 80 e nos anos 90, via peças deele e com ele e também com os Parlapatões.Nos debates depois dos espetáculos, eles contavam que ensaiavam numa quadra descoberta, à noite, acho que na zona leste, ou isso já é estória minha e com 'e' mesmo que eu prefiro. Tanto ele quanto os Parlapatões são da safra de artistas que fizeram história sem pretender fazê-la. Por não aguentar ficar sem fazer arte. Sempre. Salve, Bortolotto. vou tentar dormir. bb

paraanapeluso

É, Ana, às vezes me imputo tão anacrônica, Ana, só porque estranho - no estômago, o puto lanho: ingresso pro enterro do Michael' virou presente de aniversário, Obama Nobel da paz, tanto faz, né não, Ana? Tanto faz o caralho. Não é nada não, Ana, só ando meio estranha,Ana... Um cheiro de enjoo crônico me acompanha. boa noite ps: postei ontem com foto e tudo o 'Honrar la vida' que a Mercedes canta. Não salvou. Não é preciso.

eu nunca quis ser madona

no fim e no fundo cada noite um tango me desconcerta uma luta me encolhe e me expande feito fantasma não sei se ando ereta ou se pareço torta ou se sinto estar torta e só talvez esteja certa ou se no fundo tudo é medo ou se a vida é coisa rasa e no fim tudo é simples demais e isso é no fundo o que choca vivo de ensaio e de arremesso e se me considero um projeto ou se alcanço o outro extremo o que é vero é sempre um desmaio que é bem mais difícil mas certo só sei que o sério não se sustenta e no fundo me dá um baita cansaço um enjoo profundo e não compensa no fim boto fora o que camufla e explica cartesianamente desse encolhido ocidente o tamanho coma pouca gente gosta quase ninguém entende sorry sejam pacientes eu nunca quis ser madona inté

poesia interdita ou saudades de mim.

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Faz tempo que não me visito. Ando sem fome. Acho que me alimento de um desejo, faz quase 15 dias: escrever sobre a Quinta Poética da Casa das Rosas do dia 25 de junho, que a Escrituras Ed. promove. Tive o empenho de ser uma vez mais a poeta anfitriã, convidada pelo Raimundo Gadelha, poeta e editor, e pela Carmen Barreto, assessora de imprensa, competente e apaixonada, o marketing da Escrituras. O marketing de uma editora é a decisão política de uma editora. Tento perturbar o Gadelha sempre, clamando e louvando (por) uma editora para/dos poetas. Sim, existem, excelentes. Mas, é bem como eu dizia ao querido Pedro Tostes na noite passada ou nesta madrugada, não sei, na Rio Santos, quando deixamos as cicatrizes da FLIP para os moradores de Paraty: poesia não vende, claro, poesia não se põe à venda, ela não se enquadra e não se enquadrará jamais como produto a ser consumido. Eu disse cicatrizes? É, saímos de Paraty quando já eram notáveis as cicatrizes. Ainda me emociono muito com a FLIP, c

lance matutino

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sigo sôfrega atrás de mim mesma depois de cavar extremos e mergulhar a esmo até que eu sucumba a impulsos que não me perdoem e meu coração tresloucado salte e voe atrás dos seus corações para que sempre me atordoem

do fundo dos vazios de Ponty e Heidegger

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e o lance é o lance o espaço vazio entre o corte e o fio entre a sorte lançada e o nada e o fato é o ato entre o gesto e o efeito o desejo o jeito é estar mudo o silêncio o vazio e o tudo

Fruto

FRUTO não lambuzo o beiço nem salivo doce diante do meu fruto predileto a casca áspera no caminho do meu pomo lanha-me a garganta não lambuzo o beiço nem salivo doce engulo seco Beth Brait Alvim in Mitos e ritos midi: Sortilegios,Paco e Lucia formatação e arte final Mary Castilho

BOM DIA

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antes que amanheça a ira do já posto rabisco um jogo ou um destino me aprumo e encharco a língua de limo e lambo o sal com gosto e o açúcar dos lábios dos meninos antes que o dia seja a morte arranco os dentes da fera imposta farejo e vasculho atrás da porta e engulo engulo mesmo essa saliva amarga e salobra até que os engulhos me vomitem pra fora até que meu ventre se revire e me devolva

"Que o breve seja de um longo pensar, que o longo seja de um curto sentir, que tudo seja leve de tal forma que o tempo nunca leve." Alice Ruiz

Terça-feira, Abril 19, 2005 Resistentes da cultura e da arte Hoje me vi de volta ao passado. A um passado presente, cheio de alegria e beleza, como há anos não presencio mais. Foi um saltitar de pernas, foram trocas de olhares e abraços apertados cheios de saudade. Os comentários que mais se ouviam era: os resistentes, dinossauros da arte e diletantes da cultura nessa cidade agora sem brilho, nem néctar e nem ousadia. O livro foi lançado, Ciranda dos Tempos, daquela loira de olhos verdes e uma insanidade lúcida, cheia de energia e conta a história de uma cidade que teve seus homens artistas voando alto, soltando verbos, catando letras, solfejando sonhos, aplaudindo as vontades, filmando desejos, compondo paixões, transgredindo conflitos e almejando espaços. Espaços de desejos. Hoje voltei naquele tempo. Tempo em que eu me vi na foto ilustrada no livro, e pensei: fiz parte dessa história também! Eu estava lá meio sem saber o que fazer, dançando com eles e os olhava com admiração e recei

São Paulo

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São Paulo I a noite explode a cidade : espectros sem fim nos corredores vazios das telas de Portinari dialetos e maldições de todos os submundos e todas as línguas na ferrugem dos metrôs e dos trilhos todos parecem cansados a moça ainda bem moça vira os olhos para os semi faróis que a derretem - sexo não importa como unhas retas e tortas longas e roídas no alto do cinza arranham luares e vidraças em busca do azul sob o cinza a febre que resta do dia salta do edifício mais alto e lambe o ventre de crianças no lixo enquanto um violeiro esbraveja como um mouro alado como se fosse mentira como se fosse verdade o néon falsifica notas bentas por becos ou igrejas uma santa resvala a sarjeta e mija no meio fio outra esparramada de tédio lambe o dorso da estátua negra do Trianon todas as matrizes e todas as etnias todas as luzes todas as maravilhas da noite na cidade babam o bafo dos albergues engarrafados nos corpos no canto dos olhos na cantilena dos meninos e seus sacos de plástico a pro

poemas excluídos

Adélia beliscar deus deveria ser o mais recôndito sonho daquele que morre não o que morre rebuscado mas o que morre de susto morre de vez borrifando o mofo de ser deus com círios de húmus solares ele por certo se mostraria em sua mais simples forma de ser inteiro ser meio e talvez

caros amigos poetas e indignados

Caros, Sobre desagravo enviado por Edson Bueno de Camargo ao estudos surrealistas grupos, intitulado "Santo de Casa não faz milagres" contra a afirmação "'cultura além dos coretos das sete cidades", caderno de Cultura e Lazer do Diário do Grande ABC, de 11 de março de 2009 De fato, há anos nos devemos um elo literário regional efetivo, além de consórcios politiqueiros e oportunistas, além de nichos personalistas e narcísicos. Há tempos, também, estudiosos afirmam que o território, dialeticamente, se expressa fortemente em tempos de globalização. Só uma imprensa estúpida não abre os olhos e ouvidos para isto. Mas nos parece óbvio que a reprodução obsessiva do desgastado ícone em pauta e da última tragédia do dia não sustentarão esse lixo todo em circulação. O que farão, então? Ainda, em pleno século XXI, somos obrigados a consagrar nossa vasta e distinta produção literária 'independente' em mídias e revistas e encontros e publicações e em tudo o que se

a vida não tem cópia nem back up

mergulho com ânsia de ser nada e dou de cara com o pó arquivo inteiro-vidas? desfigurado ando ando e dou de queixo com o vidro vazio prova de que de nada adiantou aquela droga ou - mais cortês - aquela drágea milagrosa de ser feliz e que importa ? medialuzinfinita e eu vasculho e varro apenas no tudo corrompido um sinal um bip a vaca que desesperou minha vida e me impôs esse lamento esse blues profano doendo de santidade perdida ela a deusa magra e altiva tecla e sapateia no asfalto e eu corrompida de vírus tremo insone no farol sempre fechado reflexo na tela nua como se eu fosse o outro um software clownesco vazio

'só a sociedade, o que quer dizer cada um de nós, pode dizer o que é melhor para a cultura... '(T.Coelho)

Se até no Grande ABC... Enquanto cidades tradicionais do PT se acomodam em suas novas gestões sob os ditames de poderes orquestrados é flagrante que - tem sido e será cada vez mais assim: cultura é moeda de troca. Enquanto os comissionados prometidos, os conselhos pró forma e os tais produtores culturais só quiserem saber das suas veleidades narcísicas e pseudo heróicas, centrados em seu círculo restrito e suas discussões dirigidas, em torno de benesses pecuniárias ou mesmo apenas pelo privilégio de beberem do 'êxtase' de seus momentos de fruição e criação, nada vai mudar. E o pior é constatar que estamos num retrocesso histórico evidente. Uma secretaria tem de ter política pública e não imaginar, muito menos projetar sobre a carência da população, que um ponto de cultura, uma lei de incentivo ou um fundo de cultura possam suprir uma gestão pública da cultura. Não podem. Essas ações institucionalizam uma resposta a déficits históricos e aparentemente delegam mais ou menos pod

Media Luna

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Media Luna me cavalga em cada poro uma gota êxtase que a media luna exalou me embriago dos odores do deserto e sobrevôo meu concreto com as plumas dos caracóis entre os dedos dos meus pés sua o sal da úmida noite e meu sangue vagueia atrás dos rastros dos lagartos um coiote manso dança sobre o solo endurecido de nervuras e eu lambo o horizonte linha reta e dura que sombreia todos os cactos púrpura doce é meu coração de volta uma cortina de arco íris me desnuda como deusa presa no mural de oaxaca mariposas me atordoam uivam sobre minha cabeça penetram ardentes de vida e cor todas as dobras de meu tempo febril

que menina eu era

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como antes flutuo nas curvas do sol deslizo em asas de peixe e soluço feito doida diante do corte da espada e do anoitecer ainda canto sozinha e não sei onde meti meus dedos nem como sucumbi de sonhos esfrego essa mão calosa essas linhas ásperas onde estão seus mapas ? num transitar sem volta tateio o inconfessável e aliso os bicos dos meus seios só sei que eles roçam o trigo revolto e se aninham em leões de bronze que me olham desconfiados e eu minto pra eles sorrindo e desenho vários vórtices no céu das veias que repousam em tipóias cantarolo um control c e os tatuo no meu coração sem a canção hoje inversa e etérea que me concedia o sono sem a menina que era eu sem a menina que eu era

e se a alma amanhece cinza

e se a alma amanhece cinza dias a fio cinza e se mergulho o fundo todo e tudo é cinza é quando o perigo é gostar de ser cinza alheio alto e baixo distante o desejo o impulso é boiar nenhum beijo mais nenhuma falta porque estou cinza dias e dias durmo e amanheço cinza sem fome e meu coração fica surdo enorme bolha de ar rarefeito em coma leve e vivo ainda